quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Profissão: Servidor Público, por escolha ou necessidade?
Luciene das Graças Dantas*

A data não poderia ser mais propícia para uma reflexão: Dia do Servidor Público. Será que o servidor público tem consciência do seu papel na sociedade? A resposta, a meu ver, é que a maioria não tem noção do que significa ser Servidor Público.
Muitos decidem pela carreira levando em conta o salário, outros a estabilidade, mais são poucos os que a escolhem por vocação, por entender que essa é uma maneira de realmente “servir” ao próximo, realizando um trabalho relevante para a sociedade, porque todos os servidores realizam tarefas diárias importantes, as quais, somadas, fazem com que as coisas aconteçam no nosso dia-a-dia.
Infelizmente, para muitos servidores públicos, sejam eles efetivos ou comissionados, a sua função no Estado não passa de um “bico”, não se dedicam como deveriam, pois buscam em outra ocupação a complementação de sua remuneração. Por certo que os salários pagos aos servidores públicos, não são os melhores, mas o verdadeiro servidor público deve estar na carreira por opção de vida, deve buscar ser o melhor que puder ser.
A classe média brasileira, detentora de conhecimento para exigir da classe política compromisso, é a única que pode transformar a realidade em que vivemos. É ela que deve cobrar serviços públicos de qualidade, especialmente uma escola de qualidade, porque quanto mais pessoas tiverem acesso a livros, a conhecimento, maiores serão as nossas chances de elegermos pessoas preparadas, comprometidas, honestas.
O papel do servidor público nesse contexto também é fundamental. Se cada servidor público denunciasse todo e qualquer abuso cometido nas repartições em que trabalham, por certo as coisas seriam diferentes. Como o Governo conseguirá pagar um salário digno aos servidores se a folha de pagamento está cheia de pessoas que não trabalham? Como o Governo prestará um serviço de qualidade se a toda hora são noticiados desvio de verbas em obras públicas e tantas outras ações que tem dilapidado o patrimônio público, sem que vejamos alguma ação efetiva para impedi-las?
É com o exemplo que se educa, e os exemplos que temos visto são de impunidade, de imoralidade, uma vergonha para qualquer cidadão.
Infelizmente a grande maioria da população perdeu a capacidade de se indignar, se sente impotente diante dos poderosos e tenta apenas sobreviver nesse mundo sob forte crise de valores.
Mas nos resta a esperança. A esperança de que as promessas serão cumpridas, que as ações que o povo tanto espera, agora irão acontecer... É esperar para ver, ou começar a agir, a escolha é de cada um de nós.


LUCIENE DANTAS é Servidora pública efetiva, desde 2000, no cargo de Analista Técnico-jurídico. Bacharel em Direito, pós-graduada em Direito Constitucional e Direito do Consumidor (UNITINS) e com MBA em Gestão Pública pela FGV.

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